A imprensa e o espetáculo

Começou o julgamento do casal Nardoni, supostos responsáveis pela morte da menina Isabella Nardoni. Espero que a imprensa não espetacularize o caso, como o fez quando da prisão do casal dias depois do lamentável evento que mexeu com a cidade de São Paulo. É preciso ter equilíbrio e bom senso. Só ao juri cabe decidir se o casal é culpado ou inocente. E lógico, baseado nas provas e testemunhos que lhes serão apresentadas. O jurí, muitos imaginam com razão, deve ter chegado ao tribunal de "cabeça feita" com o diz-que-me-diz jornalístico, o que é até normal. Mas esta "cabeça" precisa ser "desfeita" para que possa julgar com isenção, considerando somente o que lhes for apresentado pela acusação e defesa. Lamento a postura da imprensa em ocasiões como estas. Boa parte dos jornalistas não está nem ai com os seres humanos envolvidos, o que vale é somente os números do "ibope". Se o casal for considerado culpado, que receba a pena que merece. E que esta seja exemplar! Mas e se for considerado inocente, como fica esta imprensa que vive de gritar a desgraça alheia. Como sempre sairá de fina, olhando para lado como se nada tivesse feito. Isso não é jornalismo, nem aqui nem na China. Hoje pela manhã, na rádio CBN, Heródoto Barbero entrevistou um juiz (infelizmente não recordo seu nome) que deu uma "aula" sobre este julgamento. Os jornalistas envolvidos nesta cobertura deveriam ouvi-lo para aprender um pouco sobre como se processará o julgamento e assim noticiá-lo com correção. Aqueles bobageiras que gritam o tempo todo, desrespeitando a audiência, não tem o menor cabimento. É uma palhaçada. O caso merece atenção e cobertura detalhada, mas isenta. Se houver necessidade de opinião, que esta seja dada por pessoas gabaritadas e responsáveis, que saibam o que falar. A imprensa não tem o direito de condenar e nem de absolver. Tem apenas o dever de noticiar. E sempre de forma correta, sem tomar qualquer partido.

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