Ex-aliados pressionam Chaves

O sorriso estampado no rosto não engana. O presidente Hugo Chaves da Venezuela não admite, mas anda sim bastante preocupado com a sua posição. E como se não bastassem os problemas gerados pelo clima - agravado por sua incompetência administrativa -, pelas dificuldades econômicas e pelo emaranhado político que criou no país, agora ele enfrenta também pressões públicas de ex-aliados de primeira hora, que até outro dia participavam ativamente do seu "governo bolivariano". Ontem, alguns de seus ex-ministros reuniram a imprensa para, sem "meias palavras", pedir que renuncie ao cargo de presidente da República. Entendem que a sua saída permitirá que a "paz" volte a imperar no país, que vive dias de tensão, e, ainda, que se encontre soluções mais eficazes para os graves problemas que afetam todos os setores econômicos. Não é preciso de ter "bola de cristal" e nem "ler as cartas" para adivinhar a reação de Chaves. Como sempre, de início irônica e depois raivosa. Gritou, acusou e ameaçou. Nada diferente do que já esperavam aqueles que há tempos o conhecem. A história da região - recente, inclusive - mostra que é difícil para qualquer líder manter-se na posição quando inserido num cenário conturbado - como o que vive a Venezuela - e sem perspectivas de melhora no médio prazo. As pressões crescem e chegam de todas as direções, até mesmo daqueles que lhe eram favoráveis. Chaves deveria rever a história e propor novos caminhos aos venezuelanos. E se o melhor deles for a sua saída do cargo, que assim seja. É mais sensato fazer a transição num clima de paz. Tomara que Chaves perceba e tome uma atitude de bom senso. Se não for hoje, que seja amanhã.

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